about
Vale de Maceira
No “café do Basílio” (Quiosque N. Sra. das Preces), em pleno Santuário de N. Sra. Das Preces, fomos encontrar um simpático conjunto de habitantes de Vale de Maceira, que se dispôs, prontamente, a contribuir para este trabalho. Começámos, influenciados que vínhamos de Aldeia das Dez, por tentar perceber qual o uso da castanha na alimentação daqueles habitantes.
Era pois tradição e prática comum comerem-se as castanhas assadas, sendo ainda hoje a principal tradição ligada a este fruto, bem patente nos chamados magustos tradicionais e comunitários. Quando as castanhas estavam meio secas ou aveladas, termo também usado nesta localidade, comiam-se então as castanhas cozidas. Chamava-se a esta castanha cozida, castanha descoa ou cascarruda.
Outro processo utilizado em Vale de Maceira era aquele que provinha da permanência da castanha no caniço (zona de ripas de madeira entreabertas por cima da lareira onde as castanhas secavam).
Depois de secas, eram colocadas no cesto de pisar castanhas ou canastrão, onde eram pisadas com a ajuda de uns tamancos de brochas (ou botas de brochas), aproveitando-se estas para o uso culinário durante todo o ano, nomeadamente para o chamado Caldo de Castanha (sopa de castanha pobre), especialmente utilizada por altura da sementeira e comida no próprio campo de cultivo.
Outra prática comum em Vale de Maceira era aquela ligada à economia popular em volta deste fruto, ou seja, exceptuando as castanhas que eram utilizadas na alimentação, uma grande quantidade delas era para vender a quem de fora visitava a aldeia de Vale de Maceira, muito conhecida, naturalmente, por ali existir o excelso Santuário de N. Sra. Das Preces e Jardim Botânico e, também de forma natural, por se saber haver naquelas paragens boas castanhas para comprar. Hoje em dia, a castanha que se apanha é para consumo próprio e pouco mais.
Outro dado curioso que fomos encontrar prende-se com as espécies de castanhas ali existentes, diferentes, por exemplo, daquelas que encontrámos na Carvalha (Penalva de Alva). Assim, temos a Castanha Brava, nascida de um castanheiro que por sua vez nasceu de uma “castanha furtiva deixada cair pelo próprio pássaro” (Eduardo Dias Mendes), a Castanha Longal, a Vermelhinha, a Portelã e a Castia.
credits
license